Tudo sobre PFAS, os 'produtos químicos para sempre' que os EUA e a UE têm como alvo

O que você faz com relação aos produtos químicos produzidos em laboratório que estão em 99% das pessoas nos EUA e têm sido associados a problemas do sistema imunológico e ao câncer? Cujas ligações são tão estáveis ​​que são frequentemente chamadas de “produtos químicos para sempre”? Conheça o PFAS, uma classe de produtos químicos que alguns cientistas chamam de próximo DDT. Para os consumidores, eles são mais conhecidos como componentes de produtos como Scotchgard e Teflon. Para as empresas, os PFAS – que são utilizados para fabricar centenas de produtos de uso diário, desde stents a espumas de combate a incêndios – são um puzzle que já criou passivos no valor de milhares de milhões de dólares. Mas 70 anos de proliferação desenfreada estão a terminar. O governo dos EUA está empenhado num amplo esforço multi-agências para reduzir a sua presença no ar, na água, na terra e nos alimentos do país, e os reguladores da União Europeia também estão a reprimir.

1. O que são PFAS?

PFAS (“PEE-fas”) significa substâncias per e polifluoroalquil. Anteriormente chamados de PFCs, FCs ou fluorocarbonos, eles existem em cerca de 15.000 variedades. Alguns foram fabricados desde a década de 1950 por empresas como 3M Co. e DuPont (agora spin-off da DuPont, Chemours Co.). Eles são caracterizados por ligações entre carbono e flúor que estão entre as mais fortes da química orgânica. Suas habilidades amigáveis ​​ao consumidor foram descobertas por acidente – em 1938, quando um cientista da DuPont estava fazendo experiências com refrigerantes, e em 1952, quando um pesquisador da 3M salpicou uma mistura experimental nos sapatos, que depois se tornaram à prova de manchas – dando origem ao Scotchgard da 3M. Os consumidores podem estar mais familiarizados com os nomes de duas das formas mais estudadas, PFOS (ácido perfluorooctanossulfônico), outrora usado no Scotchgard; e PFOA (ácido perfluorooctanóico), às vezes também chamado de C-8, antes usado para fazer Teflon.

2. Em que consistem os PFAS?

Para começar, eles estão em muitos tipos de roupas para atividades ao ar livre, equipamentos de camping, sapatos, têxteis, papéis revestidos para fast-food, espumas de combate a incêndios e surfactantes – compostos que reduzem a tensão superficial entre duas coisas – para fabricação de eletrônicos. Todo ano traz revelações sobre novos produtos em que são utilizados; mais recentemente, papel higiênico, fio dental, semicondutores e painéis solares. Os equipamentos médicos e as indústrias de construção também dependem deles. Laboratórios privados alertaram que o manuseio de bolsas de gelo químicas azuis, protetor solar e post-its pode expor uma pessoa ao PFAS. E como os produtos químicos também circulam por conta própria, eles aparecem em ursos polares, bebês recém-nascidos e couves. Os PFAS são encontrados em níveis elevados na água de comunidades em todo o mundo.

3. Eles são perigosos?

Depende de quem você pergunta. Um painel científico que de 2005 a 2013 monitorou o sangue e a saúde de cerca de 70.000 pessoas na Virgínia Ocidental e Ohio que viviam perto de uma fábrica de Teflon da DuPont encontrou uma “provável ligação” entre a exposição ao PFOA e casos de cancro renal, cancro testicular, doenças da tiróide, colite ulcerativa, colesterol alto e pré-eclâmpsia. Estudos em animais demonstraram que o PFOS afecta a capacidade das células comunicarem umas com as outras – prejudicando potencialmente a capacidade do sistema imunitário de destruir vírus e células nocivas que causam cancro. Em Minnesota, perto de uma fábrica da 3M, tem havido um debate sobre se os PFAS estão ligados a problemas como redução da fertilidade e câncer infantil. Os reguladores dos EUA e da Europa alertam agora que podem levar ao aumento do risco de aborto espontâneo, atrasos no desenvolvimento das crianças, aumento do risco de obesidade e redução da resposta às vacinas.

4. Existe uma grande diferença entre as variedades?

A discussão sobre se uma geração mais recente de PFAS é mais segura do que os tipos mais antigos e eliminados continua. Os fabricantes distinguem entre tipos mais antigos, conhecidos como variedades de cadeia longa, e variedades de cadeia curta. Os PFAS de cadeia longa têm mais de oito ligações flúor-carbono. Por volta do ano 2000, os fabricantes começaram a mudar para PFAS de cadeia curta, alguns dos quais demonstraram passar menos tempo no corpo. A Performance Fluoropolymer Partnership, que representa alguns fabricantes, afirma que os PFAS são “diversos” e não podem ser regulamentados como um único grupo. Muitos cientistas não concordaram, dizendo que alguns PFAS de cadeia curta – incluindo aqueles atualmente usados ​​no spray Scotchgard e na fabricação de Teflon – podem ser tão prejudiciais ao fígado, à tireóide e aos rins quanto as versões de cadeia longa que eles substituíram. Mais recentemente, a 3M afirmou que deixará de fabricar todos os tipos de PFAS e trabalhará para retirá-los dos seus produtos até ao final de 2025.